Enquanto muita gente acreditava que a decisão do governador Paulo Hartung (PMDB) em não disputar as eleições desse ano resolveria eventuais problemas da candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB), o caos se instalou no Palácio Anchieta. O racha e a crise entre as cúpulas partidárias da base aliada estão mais que expostos. Estão sangrando.
Todos querem espaço, cargos e poder. Como já foi classificado nos meios políticos, há um verdadeiro overbooking na aliança palaciana, ou seja, venderam mais bilhetes do que o número de assentos suportado nesse voo rumo às eleições de outubro.
Para acomodar todos os passageiros, lideranças que jamais se sentavam lado a lado em voos anteriores, como Hartung, o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), e o senador Magno Malta (PR), por exemplo, chegaram a traçar um roteiro de viagem juntos.
No entanto, após uma forte turbulência, Hartung, que pilotava o boeing, pulou de paraquedas. Com isso, a tripulação começou a brigar entre si para saber quem assumiria seu lugar. Ainda que ele continue passando as coordenadas da torre de controle, sua poltrona é objeto de disputa.
A luta entre PT, PDT, PR e PMDB pela vaga que seria disputada por Hartung no Senado, poderá derrubar esse avião e acabar com a viagem dos sonhos de Ferraço, caso a torre de controle não consiga orientá-los bem. O problema é que tem muita gente do avião que está ignorando as "normas de segurança" da candidatura palaciana.
Enquanto isso, o senador Renato Casagrande (PSB) encontra espaço de sobra em seu jatinho, pois não conseguiu nenhum colega para viajar com ele. Sem outros passageiros, o voo se torna caro demais e pode ser que nem mesmo decole. Já o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) também encontra-se no hangar, pronto para decolar, mas também não conseguiu vender muitas passagens e está com dificuldades.
Neste momento, tucano e socialista aguardam quem vai descer do voo palaciano. PSDB e PSB deverão oferecer passagem para os acompanhantes e até milhas para terem mais passageiros em seus voos. Enquanto isso, a torre de controle ainda tenta embarcar o passageiro do jatinho no boeing, mas parece que está difícil fazer uma conexão.
Como definiu Hartung ontem, durante uma solenidade, seu grupo político tem
passado "dias delicados." E para piorar a situação, Malta, com seu estilo radical, resolveu chamar a aeromoça e exigir que Vidigal decida quem é que vai sentar na cadeira deixada pelo governador. PDT e PR até ameaçam rachar com o grupo palaciano. Essa crise toda acaba beneficiando Luiz Paulo e Casagrande, que também são pré-candidatos ao governo.
O momento é de muita indefinição, costuras e falta de confiança no mercado político. Há quem acredite que o governador até estaria pensando em voltar atrás e disputar a eleição para resolver todo esse problema, mas acredito que isso é quase impossível.
- Outdoor. E por falar em Malta, será que o senador também será denunciado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por espalhar outdoors pelo Estado sobre o pré-sal, em uma possível campanha fora de época, como aconteceu com o casal Vidigal?
- Vingança I. Circulou ontem nos meios jurídicos um boato de que o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES) teria se vingado do juiz Frederico Luís Schaider Pimentel, o Fredinho, ao expulsa-lo da magistratura depois de ser denunciado na Operação Naufrágio.
- Vingança II. Isso porque Fredinho era advogado da Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages) em uma medida cautelar contra o Estado, no Supremo Tribunal Federal (STF) e perdeu a causa almejada pelos juízes e desembargadores.
- Vingança III. Os ministros negaram recurso de Fredinho, que tentava sustentar uma decisão de primeiro grau que concedia à magistratura indenização por férias-prêmio não gozadas, incluindo adicional de férias no percentual de 50% e ainda sem desconto do imposto de renda retido na fonte.
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