Na semana que termina o prazo para que governadores, secretários de Estado e ministros do governo federal deixem seus cargos para disputar as eleições de outubro, de Norte a Sul do Brasil, os ordenadores de despesas passaram a acelerar o uso da máquina pública, enquanto as instituições que deveriam estar fiscalizando certos atos "públicos" parecem não perceber nada de errado. Pode até não ter, mas a autopublicidade com dinheiro dos contribuintes parece não ter limites.
O maior exemplo disso talvez tenha acontecido ontem, com o evento de despedida da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), do governo para disputar à Presidência da República. Para o lançamento da segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), seu maior cabo eleitoral, o presidente Lula (PT), gastou nada menos que R$ 170 mil. E não foram em investimentos, foi só com o evento.
Se pegarmos o PAC 2 para analisarmos, veremos que muito do que está ali é o que não foi concluído no PAC 1. E o pior é que estão anunciando investimentos que vão até depois de 2014, quanto terminaria um eventual primeiro mandato de Dilma. Ou seja, é um governo com menos de um ano para o fim de sua gestão fazendo promessas para um possível quarto mandato petista. É quase inacreditável.
Mas o pré-candidato à Presidência da República da oposição, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também não fica atrás. Prestes a anunciar sua saída do cargo, o tucano protagonizou uma maratona de inaugurações por todo o estado paulista. Amanhã ele faz sua "prestação de contas" e depois deixa o Palácio dos Bandeirantes para se dedicar ao jogo eleitoral.
Aqui no Estado a história não é muito diferente. Qualquer ordem de serviço a ser assinada ganha evento, seja do governo ou das prefeituras. Isso acaba virando palanque para aqueles que não conseguem se conter, principalmente os que querem ser mais cabos eleitorais que os outros. O certo seria ter uma festa na hora em que a obra fosse entregue para a população, de preferência concluída, pois tem algumas que ficam paradas e outras que nem acontecem por problemas de falta de verbas. Acho que exemplos não faltam no Espírito Santo.
Pacote
E prestes a ver esgotado seu prazo para conceder benefícios para os servidores públicos do Estado antes das eleições, o governador Paulo Hartung (PMDB) enviou um pacote de bondades para o funcionalismo, que deverão ser aprovados pela Assembleia Legislativa em regime de urgência, quase por unanimidade.
Um reajusta as tabelas de vencimentos dos servidores da Secretaria da Saúde, beneficiando 6.024 funcionários. Vai custar mais de R$ 16,7 milhões anualmente na folha. Outro altera o plano de carreira dos procuradores do Estado. Um terceiro muda a remuneração dos servidores do Departamento de Imprensa Oficial e da Junta Comercial do Estado. Ainda outro projeto aumenta o valor do incentivo para que policiais militares aposentados voltem à ativa. São até 50% a mais na ajuda de custo mensal.
Sistema
E assim caminha o sistema político brasileiro, do seu jeito peculiar e que parece longe de mudar. A culpa? A culpa é da própria sociedade, que não se atenta para a importância de sua participação nas esferas públicas, na busca por políticas que poderiam nos trazer uma qualidade de vida digna de nossa carga tributária.
Esse ano tem eleição e é preciso usar todas as ferramentas e mídias sociais para que prestemos mais atenção na hora de escolher nossos representantes. De ficha limpa, no mínimo.
- Na telinha I. O Diretório Nacional do PMDB vai regionalizar suas inserções nacionais de rádio e tevê. A executiva do partido decidiu ceder para 16 estados, cinco minutos a que tem direito em cadeia nacional nos dias 10, 13, 15 e 17 do próximo mês, quando as coisas já vão estar fervendo.
- Na telinha II. De acordo com a deputada federal Rose de Freitas, membro do Diretório nacional, no Estado esse tempo deverá ser usado por Hartung e pelo vice-governador e pré-candidato ao governo, Ricardo Ferraço, além de deputados federais. As principais obras dessa gestão deverão ser exibidas.
- Debate. Recebi convite hoje para coordenar uma mesa sobre política nas redes sociais em um evento que acontece no próximo mês, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Mais detalhes assim que a organização confirmar a data e a divulgar a programação completa.
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Mendes, ocê sisqueceu que a "justiça é cega"? A eleitoral, além de cega, é surda, muda, maneta e perneta. É não?
ResponderExcluirseu leitor, Oleari.
O véio Oleari tem total razão: essa tal de justiça eleitoral só funciona de dois em dois anos e olhe lá. veja o exemplo dos tais eventos. O governo, Ricardo ferraço a frente, faz evento pra assinar a autorização de publicação da processo de licitação de obra.
ResponderExcluirÉ uma nota que se gasta nisso com pessoal, transporte, combustível - inclusive o querosene do helicoptero - convites, telefone, decoração, fogos, boca livre antes e depois do evento. Quem comanda essa cachorrada toda com o dinheiro público do contribuinte é um tal de Pereira, lugar-tenente do Ferraço.
O dia que esse cara abrir a boca, o vice é capaz de ir pra uma dessas masmorras do PH, já que não possui curso superior e muito menos de 2. grau. Mal, mal tem o primeiro grau com muito esforço