quinta-feira, 29 de julho de 2010

68% dos eleitores capixabas estão indecisos, revela Ibope

A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) apresentou ontem uma pesquisa de opinião sobre o cenário eleitoral capixaba realizada pelo Ibope, na qual 68% dos entrevistados disseram que não sabiam responder em qual candidato votariam para governador do Estado. Outros 16% disseram que votariam no senador Renato Casagrande (PSB) e 4% escolheriam o deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).

Ainda para o mesmo questionamento (espontâneo), 3% disseram que votariam no governador Paulo Hartung (PMDB), mesmo ele não podendo concorrer. Já 1% gostaria de votar no vice-governador licenciado, Ricardo Ferraço (PMDB), e outro 1% deseja votar no prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT). Já 7% informaram que votariam em branco ou anularia o voto. Demais nomes somaram mais 1%.

Este tipo de pergunta, quando não são apresentados os nomes dos candidatos oficiais, mostra que o eleitor ainda não conhece seus candidatos, pois nem mesmo lembram-se deles. Esse cenário só deve mudar com a propaganda eleitoral na TV, que começa no próximo mês.

Apesar da aposta dos partidos na comunicação pela internet, a TV ainda é a principal fonte de informação dos eleitores brasileiros, indica pesquisa realizada pelo Datafolha. Dos entrevistados, 65% apontaram esta mídia como preferida para conhecer as propostas dos candidatos.

Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12%, e a internet e o rádio empatados em terceiro, com 7%. Conversas com amigos e familiares são apontadas por 6%.

Mesmo quando os entrevistados apontaram três mídias, apenas 27% mencionaram a internet, que ficou em último lugar, atrás de conversas com amigos e familiares (32%), rádio (52%), jornais (54%) e TV (88%).

A pesquisa Ibope/Findes revelou ainda que, quando os nomes dos candidatos são apresentados, Casagrande tem 51% da preferência dos eleitores e 18% optaram por Luiz Paulo. Em seguida estão Dr. Gilberto (PRTB – 2%), Avelar (PCO – 1%) e Brice Bragato (Psol – 1%). Já 10% disseram que votariam em branco ou nulo e 17% se disseram indecisos.

Para obter esses resultados, o Ibope fez 812 entrevistas nas regiões da Grande Vitória (47%), Norte (16%), Noroeste (12%) e Central/Sul (26%). Confira abaixo como ficaram Casagrande e Luiz Paulo por região.

Já quando o assunto é rejeição, a candidata do Psol lidera com 19%, seguida por Luiz Paulo (16%), Dr. Gilberto (15%), Avelar (15%) e Casagrande (6%). Entre os entrevistados, 13% não rejeitam nenhum candidato e 31% não opinaram ou não souberam responder.

O intervalo de confiança da pesquisa Ibope/Findes é de 95% e a margem de erro estimada é de três pontos percentuais para mais o para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. Ela foi registrada no TER-ES sob o número 10613/2010. Confiram agora o perfil dos entrevistados.


Nota Verde

Acontece hoje o primeiro processo de eleição do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Centro-Norte do Espírito Santo (CBH LCN – ES). A assembleia tem início às 9 horas, no auditório do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Campus Serra. Os membros eleitos tomarão posse na ocasião da plenária.

A partir da eleição de seus representantes, o Comitê passará a decidir sobre assuntos que terão influência direta sobre a vida da sociedade daquela bacia, como a qualidade que se deseja para seus rios, definindo suas metas e programas, por meio de um Plano de Bacia.

Senado

A pesquisa Ibope/Findes também avaliou a disputa pelas duas vagas do Senado que serão disputadas este ano. Na sondagem espontânea, 71% dos eleitores responderam que não sabiam em quem votar ou não souberam responder. Outros 14% citaram o senador Magno Malta (PR), que foi seguido pelos candidatos Ferraço (9%), Rita Camata (PSDB – 7%), entre outros. Na sondagem estimulada, Malta lidera com 53%, Ferraço com 49% e Rita com 30%, seguidos pelos demais candidatos.

Política nas Redes Sociais

Alguns candidatos estão usando o Twitter para divulgar cada passo que dão durante a campanha, mas esquecem de interagir com os eleitores. Eles deveriam lembrar que seus seguidores também votam e querem respostas, principalmente sobre suas propostas.

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terça-feira, 27 de julho de 2010

Vitória no topo das mortes por arma de fogo no Brasil

Um estudo técnico da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que Vitória é a terceira capital do Brasil com as maiores taxas de homicídios por armas de fogo, a partir da média de óbitos. O documento mostra Maceió, Recife e a cidade capixaba no topo, com taxas altíssimas. O Rio de Janeiro aparece em 9º lugar (34,9) e São Paulo aparece em 21º lugar (17,3). O fato mostra a importância de se conhecer melhor as propostas dos candidatos ao governo do Estado para a (in) segurança do Espírito Santo.

A CNM fez um ranking com dados de 2005 a 2007. Os de 2008 foram excluídos do cálculo, pois ainda trata-se de números preliminares. Nos bastidores da segurança no Estado, o assunto do momento é um debate que os policiais militares estavam querendo realizar com os candidatos. No entanto, parece que a alta cúpula da categoria vetou sua realização. Vale lembrar que eles seguem um regime diferente de nós civis, que temos mais liberdade. Mas assim como houve o levante de coronéis contra o livro “Espírito Santo”, é possível que o tema ainda vá gerar barulho.

Voltando ao estudo, a CNM fez o levantamento para uma análise sobre o panorama antes e depois da implantação da Lei do Desarmamento. Em 2007, por exemplo, dos 186 homicídios que ocorreram em Vitória, 162 (87,1%) aconteceram por uso de armas de fogo.

Como o Brasil é um país de proporções continentais que abriga diversas

microrregiões possuidoras de características políticas e socioeconômicas totalmente diversas, o estudo ressalta que, por meio da evolução das taxas de homicídios em geral nos 10 anos analisados, existem três tipos de comportamentos entre as capitais. Entre eles, Vitória faz parte dos que de alguma forma estão investindo no combate ao crime, pois as taxas vêm sofrendo uma redução progressiva a cada ano.

No entanto, quando se analisa a Região Metropolitana, esses tipos de homicídios estão aumentando a cada ano, com picos nos dados preliminares de 2008, quando foram registradas 1.117 mortes com armas de fogo na Grande Vitória.

A partir da média de óbitos de 2005, 2006 e 2007 de todos os municípios do país, foi calculada a taxa média segundo a população e criado o ranking das 50 cidades onde a prática de homicídios com o uso de armas está mais disseminada.

Neste caso, Serra aparece em quarto lugar no Brasil, com uma taxa média de 77,1, seguida de Vitória (69,1), Cariacica (66,8), Viana (62,9) e Linhares (62,1). Ou seja, um estado tão pequeno com cinco cidades no ranking nacional.

Em qualquer estado e em qualquer capital, o uso de armas aumenta a cada ano. Armas brancas vão sendo deixadas de lado e armas de fogo cada vez mais ganham espaço no mundo do crime, mostrando que comprar um revólver ilegalmente é quase tão fácil quanto comprar uma faca no supermercado.

O estudo da CNM mostra que sete a cada 10 homicídios são praticados com arma de fogo. Nas regiões metropolitanas chega a 8 em cada 10. Em algumas capitais, se aproxima ou ultrapassa 9 em cada 10, como é o caso de Maceió, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Vitória e Florianópolis.

Uma comparação das taxas médias (2005 a 2007) dos estados coloca Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rondônia no topo da lista, com as maiores taxas do país. Embora o Rio de Janeiro venha diminuindo suas taxas paulatinamente, ainda figura entre as mais expressivas.

Enfim, esse é um dos muitos dados que eu quero trazer para vocês até as eleições, para que exijam propostas concretas de seus candidatos e não caiam em propostas óbvias, como mais escolas, postos de saúde, casas populares e tudo mais que o povo quer ouvir, pois elas fazem parte do mínimo que nossos representantes devem fazer por nós. Agora precisamos de ideias novas, que irão mudar a triste realidade de um estado que não para de crescer.

Nota Verde

Treze cidades de Minas Gerais e Rio de Janeiro estão em estado de alerta em relação ao abastecimento de água para os próximos dias. No último domingo, um furo em um mineroduto causou o vazamento de minério de ferro no Rio São Sebastião, próximo à cidade de Espera Feliz, na Zona da Mata mineira.

A captação de água do rio foi interrompida, mas o abastecimento está sendo feito com segurança, pois há reserva na cidade. Técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente estiveram ontem na região.

Pânico na campanha

O deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) conseguiu uma forma criativa para entregar seus santinhos de candidato ao governo do Estado. É que um homem vai entregando os santinhos vestido de Fred Mercury Prateado, personagem do humorístico Pânico na TV. Na foto ao lado, o fulano e o candidato a Presidente José Serra (PSDB), em sua passagem pelo Estado, num clique de Marcelo Andrade.


Política nas Redes Sociais

A campanha ainda nem chegou à metade e os calotes já começaram. Tem um candidato que contratou os serviços de uma empresa para fazer sua campanha nas redes sociais e agora não quer pagar.

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

A fuga para o futuro no “novo Espírito Santo”

Na edição de hoje, abro espaço para um artigo escrito por três integrantes da ONG Transparência Capixaba: Délio Prates (vice-presidente da Comissão Especial de Combate à Corrupção e à Impunidade da OAB Nacional), Leonardo da Costa Barreto (promotor de Justiça) e Rafael Simões (historiados e professor universitário). Eles tratam da situação política no Espírito Santo a partir da perspectiva da instituição. É uma análise rica e bem elaborada. Boa leitura!

"Um dos efeitos mais nefastos do atual arranjo de poder que domina a política capixaba há mais de sete anos é a destruição da política como forma de solução de conflitos e de negociação em busca de soluções de nossos vários problemas político-institucionais e socioeconômicos.

A destruição da política é feita por meio da interdição do debate público, do controle da maior parte dos partidos políticos e das entidades da sociedade civil organizada (seria melhor dizer controlada), da mistificação da realidade social por amplas campanhas de propaganda, da influência exacerbada do poder executivo sobre todos os outros órgãos e poderes, do arranjo operado com as grandes empresas e suas organizações, entre outros aspectos.

O arranjo de poder que controla a política do Espírito Santo se caracteriza pela “fuga para o futuro”. Com um discurso articulado e politicamente correto sustenta-se, no imaginário público, como tendo criado as condições para que o Espírito Santo dê o salto para o futuro com base na situação que afirma ter construído.

Quando olhamos as coisas mais de perto, no entanto, o que vemos são, no máximo, símbolos de uma falsa prosperidade que nega a se concretizar no dia a dia das pessoas. Temos ponte estaiada. Sim, um símbolo de nossa modernidade e realização que, no entanto, não consegue esconder o caos diário de nossa mobilidade urbana.

A fuga para o futuro aqui se dá pela apresentação de uma série de alternativas que não se concretizam. Temos possibilidades de 4ª ponte, túnel, faixa exclusiva para ônibus e muito mais. Temos no papel, em gráficos, maquetes ou arquivos de computadores.

Temos um novo Hospital Central e um novo Dório Silva. Sim, mas temos filas em hospitais (que curiosamente não são mais mostrados de dentro) e a incapacidade de minimamente organizar o sistema de saúde com profissionais qualificados e motivados em quantidade suficiente para atender à sociedade.

A fuga para o futuro aqui se dá pelo discurso de que nunca se investiu tanto em saúde quanto nesse período e que com as novas estruturas físicas que estão surgindo as coisas vão melhorar.

Temos novas escolas com belos prédios e acesso à Internet. Sim, mas temos péssimos índices em exames nacionais de proficiência da língua e de conhecimentos matemáticos. Temos um corpo docente amedrontado pelas condições de trabalho e a violência, assim como temos também muitos projetos e poucos resultados.

A fuga para o futuro aqui é clássica. A educação produz resultados a longo prazo. Estamos, segundo se afirma, construindo as condições para que essa realidade seja alterada.

Temos novos veículos para as polícias e mais policiais, como demonstram os concursos públicos amplamente anunciados. Sim, mas temos um número de policiais que hoje é o mesmo de meados da década de 1980, que está desmotivado e com baixa capacidade de resolução, como bem nos provam as caóticas estatísticas do setor seguidamente apresentadas.

A fuga para o futuro se dá aqui com a afirmação de que esse é um problema nacional e até internacional e que medidas de prevenção e estruturação do setor nos levarão a melhores índices no período subsequente dos anúncios dos sempre piores índices.

Temos novas prisões. Sim, mas as velhas e as novas, como amplamente anunciado, funcionam como masmorras que já foram até mesmo internacionalmente denunciadas.

A fuga para o futuro aqui se dá pela mistificação dos grandes números de investimento realizado que, quando anualizados, comprovam investimentos de pequena monta e que tratam detentos como dejetos humanos.

Temos desenvolvimento econômico. Sim, mas com renda ainda muito concentrada e com impactos ambientais profundos. Todo o processo de licenciamento ambiental, por sinal, é feito de forma pouco esclarecedora sobre esses impactos para dizer o mínimo.

Aqui não há fuga para o futuro. O governo apresenta índices de aumento de produção e emprego, apenas de forma descontextualizada, criando a impressão de um desenvolvimento que os capixabas não conseguem dele se apropriar.

Temos um novo arranjo político-institucional. Temos sim, apenas que baseado na subserviência de uns para outros e não na compreensão do diálogo e da construção comum. Um esquema de poder que privilegia pessoas e não a criação de condições legais que permitam a criação de um poder público sustentado na liberdade, na autonomia, na responsabilidade, no compromisso com a sociedade e com as normas legais. Uma situação onde tão somente aqueles que assentem com a dominação estabelecida são chamados a serem ouvidos e a opinar.

A fuga se remete, nesse caso, ao passado, com a constante presença do “monstro” do crime organizado que, renitente e persistente, pode voltar a qualquer momento se o atual modelo não for mantido. Não se falam, no entanto, em providências estruturais para que isso se torne mais difícil.

Temos um Espírito santo sem tantas denúncias de corrupção quanto nos períodos anteriores. Sim, mas temos corrupção ainda, como comprovam vários casos que aparecem, e, ainda pior, sem nenhuma política efetiva e preventiva de combate, que inclua integração de órgãos, mapa da corrupção, polícia investigativa, transparência pública, profissionalização da administração pública e mais.

A fuga aqui se dá pela apresentação da figura pública do governante e dos resultados supostamente conseguidos no combate aos anti-heróis da corrupção. Política como imagem, não como substância.

Temos um serviço público organizado. Do ponto de vista dos pagamentos dos salários em dia é inegável que isso tem acontecido, o governo, inclusive, divulga calendário anual. Como recentemente demonstrado, no entanto, crescem o número de servidores comissionados e temporários e diminui o de efetivos concursados. A possibilidade, ao menos ela, de influência política é clara.

É assim, oprimindo o debate público e construindo essa fuga para o futuro, que a política tem sido destruída no novo Espírito Santo. Será grande o esforço para podermos reconstruir o espaço público em nosso Estado. Temos confiança, no entanto, que teremos, enquanto sociedade, de fazer isso nos próximos anos. O momento eleitoral deve ser aproveitado por todos que querem colaborar na construção de um Espírito Santo para todos os capixabas para desinterditar o debate público e retomar uma agenda de progressivas mudanças, políticas, institucionais, econômicas, sociais, ambientais, de desenvolvimento, portanto."

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