
A sucessão presidencial viveu ontem seu primeiro grande momento com o surpreendente anúncio do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que abriu mão de sua pré-candidatura à Presidência da República em 2010. O fato caiu como uma bomba no mercado político e traz consequências para o Espírito Santo, principalmente para os planos do governador Paulo Hartung (PMDB).
Isso porque Hartung e Aécio têm muito em comum. Ambos são governadores muito bem avaliados, com altos índices de aprovação popular, estão em seus segundo mandatos, tentam eleger os vice-governadores como seus sucessores e deverão disputar uma vaga no Senado. É aí que a coisa começa a complicar, segundo algumas lideranças do Palácio Anchieta.
Depois do prestígio conquistado por Hartung, ser mais um senador ao lado de Renato Casagrande (PSB) e MagnoMalta (PR) não seria um avanço em sua carreira política, até porque ele já passou pelo Senado.
De acordo com alguns integrantes do primeiro escalão de Hartung, na última reunião de secretariado, ele deu sinais de que não deixaria o cargo em abril, pois não teria interesse em disputar o Senado só para ter um cargo, ainda mais com a imagem desgastada que aquela Casa carrega.
Para voltar para lá, Hartung iria com os planos de ser o novo presidente do Senado, levando em seu currículo a arrumação que fez no Espírito Santo após tantos escândalos de corrupção que pairaram por terras capixabas.
No entanto, o governador aguardava uma definição de Aécio, que após desistir da Presidência da República, também se tornou um forte candidato à presidência do Senado e ontem mesmo já declarou ser pré-candidato. Isso complicou ainda mais os planos do governador capixaba.
E agora, Hartung disputará qual cargo? Terminará sua gestão e não disputará as eleições? Difícil. Há quem diga que ele se movimenta para tentar ser o vice na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência da República do PT. Pode parecer estranho, por ser de um Estado pequeno, mas a deputada federal Rita Camata (PSDB) já ocupou esse posto junto com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na disputa de 2002.
Como tudo muda muito rápido no mercado político, o momento é de aguardar e ver os próximos reflexos desse novo fato, como o crescimento da pré-candidatura à Presidência da República do deputado federal Ciro Gomes (PSB), que deverá ser inevitável. Isso por ele é aliado de Aécio e o tucano se quer mencionou o nome de Serra ao fazer seu anúncio ontem. Esse fato pode fortalecer também os planos de Casagrande na disputa pelo governo. Enfim, ocorreu uma reviravolta total.
- Surpresas I. Como disse a colega Andreia Lopes em seu Twitter hoje, dezembro é sempre um mês de surpresas na política. Dizia em referência a descoberta de que o Espírito Santo também tinha sua participação nos esquemas de corrupção do Distrito Federal.
- Surpresas II. Mas outras surpresas ainda poderão vir por aí. Já está nas mãos da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Laurita Vaz, concluso para decisão, o Inquérito 589, que investiga o maior esquema de corrupção já descoberto no Judiciário capixaba, que levou três desembargadores para a prisão.

- Sem as mãos I. Como antecipei aqui ontem, o deputado estadual César Colnago (PSDB) fez uma representação contra o prefeito João Coser (PT) no Ministério Público do Espírito Santo (foto).
- Sem as mãos II. Eles se encontraram ontem no Tribunal de Justiça e o petista não comprimentou o tucano. Mas apertou a mão do colega petista e também deputado estadual Claudio Vereza, que estava sentado ao lado de Colnago.