Ao ser pressionado a retirar a candidatura de seu vice, Ricardo Ferraço (PMDB), e a declarar apoio ao nome do senador Renato Casagrande (PSB) na briga pelo comando do Palácio Anchieta, algumas lideranças avaliam que o governador Paulo Hartung (PMDB) começa a perder a força de principal articulador político do Estado, o que seria natural após as eleições e com a proximidade do fim de seu mandato.
O fato é que o governo declarou apoio aos socialistas, mas a candidatura do senador não era governista. Ela foi construída no isolamento e agora recebeu a adesão do governo e seus aliados. Até porque Ferraço aparecia melhor nas pesquisas e nem por isso permaneceu encabeçando a nova chapa defendida pelo governador. Isso levou o mercado político a colocar um pé atrás.
Neste momento, corre todo o tipo de justificativa e especulação. Hartung não defendia Ferraço publicamente, mas nos bastidores sempre se articulou para fazer seu sucessor. No entanto, de repente, ele joga tudo o que construiu em torno do vice para o alto e diz que o melhor caminho é seguir com Casagrande? Isso não colou e levou algumas lideranças que confiavam cegamente no governador a pensarem melhor suas estratégias.
Os principais efeitos deverão ser sentidos no plenário da Assembleia Legislativa, na próxima segunda-feira. Excessivamente governista, a mudança de posicionamento do peemedebista atinge os planos de muitos dos deputados que contavam com a palavra de apoio do governador em suas campanhas.
Os deputados Luciano Pereira (DEM) e Marcelo Coelho (PDT), por exemplo, colocaram seus mandatos em jogo ao trocarem de partido depois de seguir orientações palacianas. Tudo isso para esvaziar os palanques do PSB e do PSDB. E agora? Como eles ficam? Acordos já fechados com prefeitos também estremeceram.
Por vingança, as reações podem respingar na candidatura de Casagrande, que passa a ser vista com um rótulo de governista. Mas também poderão beneficiar e muito o projeto do PSDB, que aposta no nome do deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). Mas tudo ainda é muito recente e pode mudar novamente.
Fontes ligadas ao Palácio contam que, assim como já houve duas reviravoltas no mercado político em pouco mais de um mês, “o fico e o mico”, como classificam alguns, as convenções também poderão trazer novidades. Isso porque as bases dos partidos estão pegando fogo e não engoliram esses acontecimentos.
Maior prejudicado com todas as mudanças, há quem acredite na possibilidade de Ferraço nem mesmo ser candidato ou recuar ainda mais e tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, pois teria ficado muito desgastado com todo o processo.
- Confuso. Deputados estaduais passaram o dia de ontem tentando entender o que de fato está acontecendo no mercado político capixaba. Conversei com cinco deles e cada um tinha uma explicação diferente. Todo mundo ainda bate a cabeça para entender.
- Reforço. A direção estadual do PDT deverá orientar a bancada pedetista na Assembleia para que se una ao deputado Euclério Sampaio (PDT) no papel de oposição ao governo. Alguns ainda resistem.
- Reforço II. Isso porque o presidente da sigla e prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, sempre deixou claro que estava no grupo palaciano por causa de Ferraço. Como ele foi retirado da cabeça de chapa, abriu caminho para artilharia.
Quer receber as atualizações desse blog todos os dias por e-mail? Então envie uma solicitação para fernandomendes.fm@gmail.com.
Siga-me também no Twitter!