quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tirando as eleições das mãos de Casagrande

Os últimos movimentos do governador Paulo Hartung (PMDB) têm sido interpretados por lideranças políticas como empreitadas para tirar alguns possíveis resultados das eleição deste ano das mãos do senador Renato Casagrande (PSB), que deverá lançar sua pré-candidatura ao governo do Estado neste mês.

Avaliam que a possibilidade de haver um segundo turno, por exemplo, está nas mãos do socialista, pois sem ele na disputa, seria mais fácil emplacar o vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) como sucessor de Hartung no Palácio Anchieta ainda no primeiro turno.

Fato este que tem dado cada vez mais peso ao PSB na hora de negociar com o mercado político. Como falei aqui nos últimos dias, tudo por conta da "expectativa de poder" que norteia as articulações eleitoriais. Todos querem estar juntos de quem tem mais chances de vencer e não de quem tem o melhor projeto. Tanto é que se fala mais em apoio conquistado do que em propostas.

Até então se dizendo distante de todo o processo e delegando as articulações para as principais lideranças do PR, PDT, PT e PMDB, o governador teria visto que o "quarteto fantástico" não conseguiu resultados tão expressivos e resolveu desistir de disputar o Senado para reforçar a campanha de Ferraço.

Acreditando que sua saída iria ajudar, Hartung foi obrigado a ver ainda uma verdadeira guerra interna em seu grupo pela vaga que iria disputar no Senado. Diante disso, segundo algumas lideranças, Hartung resolveu arregaçar as mangas e resolver o problema ele mesmo, para não correr riscos.

Nos últimos dias, o governador tem participado ativamente das negociações. Chamou o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Enivaldo dos Anjos (PDT) e fez ele retirar sua ideia de ser candidato ao Senado. Acabou com a atribuição de Ferraço em coordenar o pacote de investimentos de R$ 1 bilhão (uma espécie de PAC capixaba), o que o deixa livre para sua campanha. Hartung ainda foi para a TV dizer aos capixabas que vai ficar até o final do governo.

É com esses sinais e com a declaração (finalmente) que deve dar de apoio a Ferraço no próximo dia 21 que o peemedebista tenta recuperar o tempo perdido com o isolamento dos socialistas. O grupo palaciano tenta atrair o PSB de qualquer forma. Já ofereceu a vaga do Senado na chapa e ainda deverá reconduzir dois nomes indicados pelo partido de Casagrande para ocuparem as pastas de Economia e Planejamento e a de Ciência e Tecnologia em sua gestão.

  • TwicontroES I. Acontece no próximo dia 24, no Prédio de Multimeios (Bob Esponja) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a partir das 18 horas, o II TwicontroES, que reúne os twitteiros capixabas.

  • TwicontroES II. O tema será "Como utilizar o Twitter" e haverá, no início, um debate sobre a importância das Mídias Sociais e seus impactos na sociedade. Depois o evento prossegue dividido em oito mesas temáticas.

  • TwicontroES III. Eu irei coordenar a mesa "Twitter Político: uma ferramenta social para fins sociais." Desde já convido os segmentos jovens dos partidos a comparecerem para debater conosco o uso das redes sociais nas eleições deste ano.

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quarta-feira, 31 de março de 2010

Ferraço com problemas DEMtro de casa

Ricardo e Theodorico Ferraço Como se não bastassem os problemas enfrentados pelo vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB) com PR, PT e PDT - partidos que apoiam sua pré-candidatura ao governo -, o peemedebista também pode ter dores de cabeça dentro de sua própria casa.

Isso porque em meio ao caos que se instalou no grupo palaciano com a saída do governador Paulo Hartung (PMDB) da disputa por uma vaga no Senado, o DEM começa a ver o deputado estadual Theodorico Ferraço como um bom nome para ocupar o vácuo. Pai e filho nos dois principais cargos que estarão em jogo nas eleições deste ano poderá esquentar ainda mais os ânimos.

“Ferraço pode ser candidato ao Senado. O Theodorico Ferraço tem musculatura para disputar a eleição. Vamos discutir internamente. O partido entende como viável”, dispara uma influente liderança da Executiva estadual dos Democratas.

Partidos como o PDT, PR e PT têm nas mãos os maiores colégios eleitorais do Estado, mas o DEM conta com cerca de 5 minutos de TV na campanha, o que pode pesar na hora de negociar. Até porque também poderá trazer o PPS juntamente com ele.

Em nota publicada na tarde de ontem, a Comissão Executiva Nacional do Democratas aprovou uma resolução que proíbe a formalização de coligação para eleição majoritária estadual quando o candidato ao governo for filiado ao PT.

A eventual desobediência das diretrizes da resolução, permite que a Executiva Nacional anule a deliberação contestada, o que impedirá o partido de concorrer às eleições para governo do respectivo Estado.

“A Executiva Nacional acompanha o caso do Espírito Santo e de Goiás de perto. O (presidente da Executiva Nacional e deputado federal) Rodrigo Maia me ligou hoje (ontem) para dizer que não afeta em nada aqui no Estado”, conta a fonte.

E ainda dispara: “O PSDB não deveria comemorar. O partido está liberado para coligar com Ferraço. A resolução nos permite uma coligação formal com o PMDB, mesmo com o vice do PT, pois o candidato é peemedebista. Se não coligarmos na majoritária ficaremos isolados”, argumenta ele.

Depois de se amarrar de uma aliança formal com o PMDB, o DEM ainda ficaria livre para fazer “pernas” com outros partidos para a disputa proporcional nos Parlamentos, como com o PPS, por exemplo. Mas a sigla ainda mantém conversas com o PMN, PR, PMDB e vai sentar com o PV do presidente do Bandes e ex-prefeito de Colatina, Guerino Balestrassi.

max da mata Para a Câmara dos Deputados, o partido poderá apostar nos nomes do deputado estadual Luciano Pereira e no vereador de Vitória Max da Mata (foto). Para a Assembleia Legislativa, deverão disputar o ex-secretário de Estado da Segurança Rodney Miranda, que deixou o governo ontem, e os deputados estaduais Elcio Alvares e Atayde Armani.

Rodney participou ontem de seu último evento oficial como secretário, em Cachoeiro de Itapemirim. Uma outra fonte que estava presente comenta que ele não empolgou com seu discurso e ainda precisou que Hartung puxasse as palmas. Antes cotado para o cargo de deputado federal, o democrata já teria admitido que não tem capilaridade para alçar voos tão altos e resolveu investir em uma cadeira de deputado estadual.

É nesse ritmo que os Democratas caminham para as urnas até outubro, com a presidência da Assembleia Legislativa e com uma grande bancada no Parlamento estadual, além de estar também no comando da Casa Civil do governo do Estado. Sinceramente acredito que a história de Theodorico Ferraço disputar uma vaga ao Senado não deverá vingar e é possível que ele dispute uma vaga na Câmara ou tente a reeleição.

  • Afastado I. Assim como está longe de seu mandato na robson vaillant1 Assembleia por decisão judicial, o deputado estadual Robson Vaillant (DEM) também está das negociações do partido.
  • Afastado II. Uma fonte do partido conta que Vaillant “está perdendo toda sua base eleitoral. Com essa indefinição se fica ou não no cargo, está enfraquecido.”
  • Afastado III. O colega democrata conta ainda que o deputado afastado, após ser acusado de ficar com parte do salário de seus assessores pelo Ministério Público do Estado, nem mesmo está sendo convidado para as reuniões da Executiva Estadual.

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terça-feira, 30 de março de 2010

Acelerando a máquina

Brasília - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no lançamento do PAC 2 Na semana que termina o prazo para que governadores, secretários de Estado e ministros do governo federal deixem seus cargos para disputar as eleições de outubro, de Norte a Sul do Brasil, os ordenadores de despesas passaram a acelerar o uso da máquina pública, enquanto as instituições que deveriam estar fiscalizando certos atos "públicos" parecem não perceber nada de errado. Pode até não ter, mas a autopublicidade com dinheiro dos contribuintes parece não ter limites.

O maior exemplo disso talvez tenha acontecido ontem, com o evento de despedida da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), do governo para disputar à Presidência da República. Para o lançamento da segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), seu maior cabo eleitoral, o presidente Lula (PT), gastou nada menos que R$ 170 mil. E não foram em investimentos, foi só com o evento.

Se pegarmos o PAC 2 para analisarmos, veremos que muito do que está ali é o que não foi concluído no PAC 1. E o pior é que estão anunciando investimentos que vão até depois de 2014, quanto terminaria um eventual primeiro mandato de Dilma. Ou seja, é um governo com menos de um ano para o fim de sua gestão fazendo promessas para um possível quarto mandato petista. É quase inacreditável.

serra4Mas o pré-candidato à Presidência da República da oposição, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também não fica atrás. Prestes a anunciar sua saída do cargo, o tucano protagonizou uma maratona de inaugurações por todo o estado paulista. Amanhã ele faz sua "prestação de contas" e depois deixa o Palácio dos Bandeirantes para se dedicar ao jogo eleitoral.

Aqui no Estado a história não é muito diferente. Qualquer ordem de serviço a ser assinada ganha evento, seja do governo ou das prefeituras. Isso acaba virando palanque para aqueles que não conseguem se conter, principalmente os que querem ser mais cabos eleitorais que os outros. O certo seria ter uma festa na hora em que a obra fosse entregue para a população, de preferência concluída, pois tem algumas que ficam paradas e outras que nem acontecem por problemas de falta de verbas. Acho que exemplos não faltam no Espírito Santo.

Pacote

E prestes a ver esgotado seu prazo para conceder benefícios para os servidores públicos do Estado antes das eleições, o governador Paulo Hartung (PMDB) enviou um pacote de bondades para o funcionalismo, que deverão ser aprovados pela Assembleia Legislativa em regime de urgência, quase por unanimidade.

pmes174anosquartel6409prin Um reajusta as tabelas de vencimentos dos servidores da Secretaria da Saúde, beneficiando 6.024 funcionários. Vai custar mais de R$ 16,7 milhões anualmente na folha. Outro altera o plano de carreira dos procuradores do Estado. Um terceiro muda a remuneração dos servidores do Departamento de Imprensa Oficial e da Junta Comercial do Estado. Ainda outro projeto aumenta o valor do incentivo para que policiais militares aposentados voltem à ativa. São até 50% a mais na ajuda de custo mensal.

Sistema

E assim caminha o sistema político brasileiro, do seu jeito peculiar e que parece longe de mudar. A culpa? A culpa é da própria sociedade, que não se atenta para a importância de sua participação nas esferas públicas, na busca por políticas que poderiam nos trazer uma qualidade de vida digna de nossa carga tributária.

Esse ano tem eleição e é preciso usar todas as ferramentas e mídias sociais para que prestemos mais atenção na hora de escolher nossos representantes. De ficha limpa, no mínimo.

  • Na telinha I. O Diretório Nacional do PMDB vai regionalizar suas inserções nacionais de rádio e tevê. A executiva do partido decidiu ceder para 16 estados, cinco minutos a que tem direito em cadeia nacional nos dias 10, 13, 15 e 17 do próximo mês, quando as coisas já vão estar fervendo.
  • Na telinha II. De acordo com a deputada federal Rose de ferraço e ph bikeFreitas, membro do Diretório nacional, no Estado esse tempo deverá ser usado por Hartung e pelo vice-governador e pré-candidato ao governo, Ricardo Ferraço, além de deputados federais. As principais obras dessa gestão deverão ser exibidas.
  • Debate. Recebi convite hoje para coordenar uma mesa sobre política nas redes sociais em um evento que acontece no próximo mês, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Mais detalhes assim que a organização confirmar a data e a divulgar a programação completa.

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segunda-feira, 29 de março de 2010

A união nem sempre faz a força

Mesmo com o amplo apoio de diversos partidos e lideranças, os conflitos dentro do grupo político que apoia a candidatura do PMDB (Ricardo Ferraço) ao governo deixou claro nesta última semana que nem sempre a união faz a força. Por outro lado, ainda que separados e isolados, os projetos do PSB (Renato Casagrande) e PSDB (Luiz Paulo Vellozo Lucas) aparentam ganhar força a cada dia. Como explicar isso?

Em política é assim mesmo. Nem tudo que parece é. E os cenários podem mudar de uma hora para outra. Como dizia o ex-presidente Tancredo Neves, a política é como as nuvens. Olhamos e elas estão de uma forma. Quando olhamos novamente já mudou.

E foi assim que tudo aconteceu. Quando olhávamos para a base de apoio a Ferraço, ela parecia sólida, com seus membros confiantes até demais. Muitos se atreviam até mesmo a dizer que era só homologar o nome do peemedebista, ignorando completamente a opinião do eleitor.

No entanto, segundo uma fonte ligada ao governador Paulo Hartung (PMDB), tudo mudou após o resultado de algumas pesquisas de consumo interno do governo e do evento de prestação de contas de Casagrande, na Ufes, que reuniu um número expressivo de lideranças e empresários.

Segundo esta fonte, esses dois fatos pesaram na decisão do governador, que até então tinha certeza que conseguiria trazer o senador para sua aliança, com aquela "agulha e linha forte" que ele havia anunciado lá atrás. Sob o risco de não conseguir eleger seu sucessor, resolveu usar a agulha para espetar seus adversários e a linha para amarrar novas costuras. E foi aí que ele resolveu não deixar o Palácio Anchieta para disputar uma vaga no Senado Federal.

Com a saída de Hartung da corrida eleitoral, seu grupo começou a trocar farpas entre si publicamente e a optarem por caminhos diferentes, sem sintonia, cada partido de olho no poder que uma vaga no Senado pode lhe conceder.

Enquanto isso, PSB e PSDB ficam de camarote, esperando que o grupo palaciano se autoflagele. Ambos não têm pressa, pois nenhum de seus candidatos precisam se desincompatibilizar para disputar a eleição. No ano passado, eles até tentaram uma composição, mas não foi viável devido aos rumos nacionais que as duas legendas traçaram.

Mas diante dos últimos cenários, avaliam que não precisam se preocupar muito, pois um segundo turno está praticamente certo nas eleições do Espírito Santo. E uma coisa já é certa entre as duas siglas, quem passar terá o apoio do outro na disputa.

Lideranças das duas legendas avaliam ainda que, após o mês de abril, Casagrande se colocará como candidato oficialmente, aumentando um fenômeno político classificado como "expectativa de poder", o que irá polarizar mais a disputa e poderá trazer alguns partidos para o até agora isolado PSB.

Enquanto isso, o socialista corre atrás dos partidos mais nanicos que, pelo que vimos até agora no grupo palaciano, aparentam não participar das discussões e nem dos acordos do PMDB. São com esses pequenos detalhes que o PSB vem ganhando força.

Já o PSDB, praticamente já conta com o apoio do PTB e também espera com um pensamento mais positivo a chegada do PPS em sua chapa. Já os aliados históricos, os Democratas, deverão ficar de fora, pois uma de suas principais lideranças é o deputado estadual Theodorico Ferraço, pai do candidato do PMDB ao governo.

E assim prossegue a corrida eleitoral, com muitos cálculos, arranjos, negociações e muita conversa de bastidor. Essa reviravolta toda serviu para mostrar também que nem sempre os acordos de cúpula e gabinete se refletem na opinião do eleitor. É preciso descer um pouco mais dos pedestais para sentir a realidade das urnas. É necessário andar com o povo e ouvi-lo. Só em solenidades isso não é possível.
  • Reunião I. Hartung reúne hoje, a partir das 16 horas, no Palácio Anchieta, todo o primeiro escalão para a primeira reunião de secretariado após seu anúncio de que não sairia do governo para disputar o Senado.
  • Reunião II. A ocasião deverá servir de despedida para os secretários que estão deixando sua equipe para disputar as eleições. Também marcará a saída total do PSB de seu governo, assim como já ocorreu com o PSDB.
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