sábado, 5 de setembro de 2009

Recurso incoerente

Esta semana o PT estadual passou por uma situação no mínimo constrangedora ao ver a Câmara de Recursos do Diretório Nacional do partido anular sua resolução que indicava apoio ao nome do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) para o governo do Estado em 2010.

Os autores do recurso contra a resolução foram a vice-presidente nacional do PT, a deputada federal Iriny Lopes (foto), e o subsecretário nacional dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, que alegam que os movimentos do diretório estadual estão muito antecipados.

Mas de quem é a culpa do debate a respeito do processo eleitoral estar acontecendo a mais de um ano antes das eleições? Não consigo pensar em outro nome, a não ser o do presidente Lula (PT), que lançou sua pré-candidata, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), de forma extremamente antecipada para sua sucessão.

Iriny e Perly (foto) também alegam que o nome que receberá o apoio do partido precisa ser mais bem debatido com a militância. Mas quando o Lula ouviu alguém antes de decretar que o nome do PT é o da Dilma? Esses fatos, em minha visão, tornam o recurso deles bastante incoerente. O que não quer dizer que os movimentos do partido no Estado ocorreram no momento certo.

Sem falar nos diversos eventos em tom de campanha que a ministra protagizou ao lado do presidente. Estratégia semelhante a do coordenador da pré-campanha de Ricardo e prefeito de Vitória, João Coser (PT).

Os dois não desgrudam mais. Estão em todas os eventos públicos juntos. A oposição, em nível nacional, já denunciou Lula por fazer uso da máquina e campanha extemporânea. Aqui, todos ficam calados, pois ninguém quer ser taxado de oposição ao projeto que conta com o governador Paulo Hartung (PMDB) no comando, mesmo que pelos bastidores.

Coser simplesmente ignorou a decisão do órgão nacional do PT e prosseguiu com suas movimentações. Hartung também colaborou para que o movimento de fortalecimento do nome de Ricardo não fosse enfraquecido com a nulidade da resolução.

Um dia após a derrota da cúpula petista capixaba, Hartung saiu de licença e Ricardo (foto) assumiu o comando do Palácio Anchieta interinamente. É ele quem vai posar de governador nas comemorações do dia 7 de Setembro e também do aniversário dos 458 anos da cidade de Vitória, ao lado do anfitrião e seu maior aliado nesse projeto: Coser.

E assim as discussões antecipadas a respeito do pleito de outubro de 2010 seguem a todo vapor. Seja em público ou também nos bastidores dos Poderes de nosso Estado, que acreditem, não se limitam apenas ao Executivo e Legislativo.


  • Sem sinal. Precisei ligar para um orelhão de Barra de São Francisco na manhã desse sábado para conseguir entrevistar o prefeito de Vitória, João Coser (PT), e o governador em exercício Ricardo Ferraço (PMDB), pois onde eles estavam não tinha sinal para celular. O peemedebista tinha acabado de ser lançado como pré-candidato na região Noroeste (foto).
  • Mineiro. O evento contou até mesmo com a presença do prefeito de Mantena (MG), Maurício Toledo (PPS), que teve até o direito de discursar.
  • Ao vivo. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha, Octaciano Neto, também esteve por lá e transmitiu alguns pontos do evento em tempo real em seu Twitter (@octaciano).
  • Escorregão. No entanto, Octaciano deslizou ao citar os presentes, referindo-se ao líder do PSB na Assembleia, deputado Luciano Pereira, como Luciano Machado.
  • Infidelidade. Mesmo tendo o senador Renato Casagrande (PSB) e o deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) como pré-candidatos ao governo, lideranças socialistas e tucanas participaram do evento de apoio a Ricardo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Debate em vão

O debate no Congresso Nacional a respeito do uso da internet nas campanhas eleitorais de 2010 é totalmente em vão, no que diz respeito às restrições de opiniões e até mesmo de propagandas. Se as autoridades não conseguem nem mesmo barrar as redes de pedofilia, não serão os "eleitores acalourados" que ficarão de fora da prática de criar e-mails e perfis falsos nas diversas plataformas disponíveis, como o Twitter, Orkut, Facebook e You Tube.

Interessante é o avanço no que diz respeito às doações via web. O projeto de lei que que limita a campanha política em 2010 não conseguirá restringir de fato que o marketing eleitoral aconteça na internet. O fenômeno das plataformas sociais, que permitem a rápida disseminação de ideias e o boca a boca frenético no ambiente digital, não permitirá que a campanha eleitoral esteja alheia e não adentre na rede mundial.

O projeto de reforma eleitoral aguarda votação no plenário do Senado Federal, mas algumas importantes figuras políticas de partidos distintos, como os senadores Aloizio Mercadante (PT-SP), Arthur Virgilio (PSDB-AM) e o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) já se manifestaram contrários à regulamentação, inclusive em seus perfis no Twitter. A proposta original restringe blogs, sites e portais na internet de emitirem opinião favorável a um candidato.

Para o especialista em comunicação de marcas e empresas na web Gabriel Rossi, as discussões a respeito das eleições na internet não têm volta e só deverão crescer. “É inevitável que, em plataformas como Twitter e comunidades de sites de relacionamento, como Orkut e Facebook, surjam diversas conversas e comentários a respeito de algo que está nas ruas – que é a campanha política, independentemente da lei”, afirma Gabriel Rossi.

Ele afirma que é utopia acreditar que os cidadãos não vão participar de algo que é tão presente na vida deles como uma eleição presidencial, que motiva paixões e opiniões diversas. “A partir do momento que o internauta pode cada vez mais amplificar suas experiências e emoções, de pouco valerá restrições como esta, pois a campanha, de uma forma ou de outra, deverá migrar para o mundo virtual por meio das pessoas. As pessoas já se habituaram a utilizar estas ferramentas, que deixaram de ser simplesmente um modismo de internet para se tornar algo presente no dia-a-dia de todos.”

O aumento do número de brasileiros que acessam a internet e o alto número de horas que o consumidor no País passa na internet, ao contrário, tornará a eleição 2010 mais digitalizada do que nunca. “É possível que o Brasil reviva algo próximo ao fenômeno que ocorreu na eleição de Barack Obama (não necessariamente vindo dos candidatos), em que a internet teve papel fundamental e acabou por reinventar o relacionamento de políticos com seus constituintes”, analisa Rossi.

  • Campanha. O vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) e o prefeito de Vitória, João Coser (PT), que coordena o movimento Avança ES, de apoio ao peemedebista, caminharam juntos na manhã desta sexta-feira pela periferia da capital, visitaram moradores, assistiram ao desfile das escolas e almoçam no restaurante popular, no centro.
  • Decisão. A maratona só reforça o fato de que o grupo de Coser, que comanda o diretório do PT estadual, ignorou a decisão desta quinta-feira da Câmara de Recursos da nacional, que anulou a resolução dos petistas capixabas de apoio ao nome de Ricardo.
  • Socialista. Quem também deverá ignorar a orientação partidária na manhã desse sábado é o líder do PSB na Assembleia, deputado Luciano Pereira, que confirmou presença no lançamento da "pré-campanha" de Ricardo no interior.
  • Adversários. O evento, que acontecerá em Barra de São Francisco, reduto de Luciano, deverá reunir no mesmo palanque, com Ricardo, seu dois principais adversários, o prefeito da cidade, Waldeles Cavalcante (PSC) e seu colega de plenário, o democrata Giuliano dos Anjos (foto). Mas ninguém está reclamando. Todos acham normal.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O dilema da oposição


Único deputado de oposição na Assembleia Legislativa, Euclério Sampaio (PDT), vive um dilema diante das eleições de 2010: seu partido já declarou apoio à pré-candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB). E ele? Como fica? Vai caminhar ao lado do governo que critica enérgicamente em todas as sessões da Casa?

"O partido ainda não se reuniu com os deputados para falar sobre esse assunto", esquiva-se o pedetista, que na última quarta-feira solicitou à Mesa Diretora da Assembleia a criação do cargo de Líder da Oposição, que pode lhe garantir mais tempo para bater na gestão do governador Paulo Hartung (PMDB).

O presidente estadual do PDT e prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, é amigo pessoal de Ricardo e com certeza não mudará seu posicionamento, que em momento algum foi debatido com a militância e que é fruto de uma decisão monocrática.

Euclério não gosta muito de falar sobre o tema, mas garante que "sempre" teve fidelidade partidária. Perguntado se dividirá o palanque com Ricardo no ano que vem e o pedetista brinca, dizendo que passará mal em todos os dias que acontecerem comícios.

Evangélico, investigador da Polícia Civil e advogado, o deputado acredita que não precisará de ninguém para se reeleger e que tem votos suficientes para ser reconduzido ao plenário da Assembleia.

Outro deputado que também passa por um dilema é Eustáquio de Freitas (foto). De saída do PTB - que deverá apoiar o nome do deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) para o governo - o parlamentar deverá seguir para o PP ou PSB.

No entanto, Freitas faz parte da sólida base governista na Assembleia e pode ter seus planos de se unir aos socialistas ameaçado por conta da pré-candidatura ao governo do senador Renato Casagrande (PSB), que Hartung diz desconhecer.

Recentemente a bancada petebista declarou apoio ao nome do vice, mas Freitas não se pronunciou sobre o assunto. Perguntei a ele se vai apoiar Ricardo. "Hartung criou novas lideranças com competência para sua sucessão. Vejo como ótimo o futuro com os nomes colocados. Penso que é precipitado me posicionar enquanto não tenho partido", escorregou ele, sem falar em nomes.

E a pressão sobre os parlamentares para que declarem apoio ao nome de Ricardo não pára. Membros do alto escalão do governo continuam se movimentando, mesmo que a eleição esteja longe. Tudo para que as pré-candidaturas do PSB e PSDB não ganhem musculatura suficiente para derrotar o vice.

  • Pressão. Suplentes e vereadores de diversos municípios capixabas estão em Brasília, fazendo pressão para que a PEC dos Vereadores, que aumenta em mais de 150 o número de cadeiras no Estado, seja aprovada.
  • Dinheiro. Nos bastidores corre a informação de que a Câmara de Cariacica teria alugado três ônibus para levar um volume grande de pessoas para a capital do País. Quem vai pagar a conta?
  • Candidato. Mesmo em silêncio e sem falar com a imprensa sobre sua pré-candidatura, lançada pelo PSB, o senador Renato Casagrande (foto) apareceu no programa do partido na TV falando como candidato e criticando a gestão do governador Paulo Hartung (PMDB).
  • Parabéns. A cidade de Vitória completa 458 anos na próxima terça-feira, 8 de setembro. O vídeo comemorativo da prefeitura ficou muito legal. Clique aqui para assistir.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dá para acreditar no Lula?

O presidente Lula (PT) fez uma visita relâmpago a Vitória nesta terça-feira, onde participou do 27º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, quando aproveitou para fazer várias promessas. Mas será que dá para acreditar nele?

Lembrando que no domingo, ao jantar com o governador Paulo Hartung (PMDB) e outros governadores, o presidente garantiu que não enviaria o projeto com o marco regulatório do pré-sal em regime de urgência para ao Congresso Nacional. No outro dia de manhã, a história era outra.

Mesmo assim, Hartung, em um discurso afinado com Lula, agradeceu ao presidente pela decisão de não se alterar a distribuição dos royalties. "Não sou eu, senhor Presidente, que está agradecendo, são os capixabas", disse Hartung.

Lula, com suas tiradas, disse que sua função "é como um papel de uma mãe", que tem que tratar todos os estados "com muito carinho" e "não deixar faltar nada". E arrematou: "Jamais ia cobrir um filho para descobrir outro."

Mas será que dá para acreditar nisso? Basta lembrarmos que nem mesmo 1% das emendas parlamentares da bancada federal capixaba referente a 2008 foi liberado pelo governo federal. Talvez por isso ela tenha boicotado a visita de Lula ao Estado. Apenas três deputados, de 10, e um senador, de três, participaram.

Outra promessa - acho que a mais inacreditável - é que as obras do Aeroporto de Vitória serão retomadas. "Eu acho que o Espírito Santo merece um aeroporto maior. Segundo o ministro Nelson Jobim (Defesa), nós teremos a retomada das obras no começo do ano que vem", destacou Lula. Ainda bem que ele disse que "acha."

Sobre a tramitação do marco regulatório no Congresso, ao ser indagado pela imprensa na saída do evento, ele foi categórico. "Agora, a bola é do Congresso Nacional. Quem sou eu, um humilde presidente, para ter interferência no debate. A urgência é para facilitar", afirmou.

É presidente, gostaríamos que o senhor pensasse assim antes de interferir em favor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), para tentar livrá-lo de todos os escândalos de corrupção que ele levou para aquela Casa.

  • Escapando. Após o término do lançamento do marco regulatório do pré-sal em Brasília, na última segunda-feira, a imprensa nacional foi para cima dos governadores José Serra (SP), Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung. O trio ficou imprensado na frente do palco. Aí entrou em cena o assessor de imprensa do governador, Daniel Simões, que apareceu com uma escada de fotográfo. Hartung subiu no palco, e de lá se foi.
  • Estratégia. Hartung reúne a bancada federal nesta sexta-feira, em Vitória, as 8 horas, para definir as estratégias capixabas na tramitação do marco regulatório no Congresso.
  • Debate. Começa nexta quarta e vai até sexta-feira, no Centro de Convenções de Vitória, o VIII Fórum Brasileiro sobre a Reforma do Estado.O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, fala hoje sobre as iniciativas do governo federal para a transformação da gestão pública.
  • Clima. Os pré-candidatos ao governo do Estado em 2010, o vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) e o senador Renato Casagrande (PSB), tem demonstrado total sintonia quando se encontram em público, como ocorreu em Brasília (foto), na última segunda-feira. Mas nos bastidores, o clima é bem diferente.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os dois Poderes


Como muitos sabem faço a cobertura jornalística do Legislativo capixaba há alguns anos. Mas nesta segunda-feira tive que trocar aquela Casa por uma sessão extraordinária do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES) e me coloquei a analisar e comparar os trabalhos no plenário desses dois Poderes.

O Judiciário Estadual conta com 26 desembargadores, que recebem mensalmente R$ 22.100,00. Já os 30 deputados estaduais têm seus vencimentos fixados em R$ 12.384,00. Os trabalhos na sessão plenária dos dois órgãos têm muitas semelhanças, a começar pela assiduidade.

Muitas das cadeiras não exibiam seus titulares de toga. No Palácio Domingos Martins, os parlamentares são flutuantes, estão em plenário, nos anexos e em seus gabinetes quase que simultaneamente, sem falar nos faltosos, que nem sempre por lá aparecem, dificultando muitas vezes o quorum qualificado para deliberações.

A falta de atenção no que se vota é comum e corriqueira na Assembleia, pois todos fazem parte de uma base sólida, que, a não ser quando é provocada por alguma categoria, não debate ou questiona muito o que passa por lá.

E só comecei a me dar conta de quão evidente eram as semelhanças, por coincidência ou não, quando os magistrados julgavam uma ação penal contra o corregedor-geral da Assembleia, o deputado Cacau Lorenzoni (PP) (foto), a respeito de irregularidades cometidas em sua gestão enquanto prefeito de Marechal Floriano.

O relator da ação proposta pelo Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), desembargador Benício Ferrari apresentou seu voto pela absolvição de Cacau e foi seguido pelo colega Alemer Ferraz Moulin. Em seguida, Adalto Dias Tristão não sabia o que estava em votação e precisou de ajuda para se manifestar e achou melhor pedir vistas do processo.


Logo adiante, no julgamento de um recurso contra o Conselho da Magistratura, Adalto (foto) mais uma vez não sabia sobre o que deveria opinar ao ser indagado pelo presidente em exercício do TJ, desembargador Álvaro Bourguignon. "Peço vistas para não atrasar", respondeu ele.

Por coincidência ou não, ontem o Tribunal e a Assembleia realizaram sessões extraordinárias. O primeiro só se reúne uma vez por semana, enquanto a segunda têm três sessões. O Judiciário corre para votar os processos distribuídos até 31 de dezembro de 2005, em cumprimento à Meta 2 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Enquanto o Legislativo quis votar aprovar em regime de "super" urgência três projetos do governo.

Dois momentos importantes nos trabalhos dos dois, vem da participação de terceiros, como os advogados e as lideranças da sociedade civil organizada, que falam no momento das sustentações orais feitas pelas defesas ou pelos discursos na Tribuna Popular. No entanto, alguns desembargadores e muitos deputados não fazem a mínima questão de dar ouvidos para o que falam. Na Assembleia essa questão é pior ainda, chegando ao ponto do plenário ficar completamente vazio.

Não poderia ficar de fora das semelhanças, os escândalos de corrupção que já atingiram os dois Poderes. O Legislativo coleciona vários, como o Esquema das Associações, contratos superfaturados, mesalinho, entre outros. Já o Judiciário, afundou com a Operação Naufrágio, em dezembro do ano passado e agora tenta se reerguer.

O que todos esperamos é um pouco mais de respeito com a coisa pública, afinal, um é responsável por fazer as leis que devemos seguir e o outro por julgar se estamos dentro ou fora da lei. Órgãos de vital importância para a sociedade capixaba, que paga uma conta alta para que eles existam.

  • Parabéns. O corregedor-geral da Justiça, desembargador Romulo Taddei aniversaria hoje. As felicitações foram antecipadas por muitos desembargadores durante a sessão desta segunda-feira.

  • Mais. Na mesma sessão os magistrados votaram uma folguinha para o desembargador Carlos Roberto Mignone. Eram de sete dias, mas nos 45 do segundo tempo ele pediu que o prazo fosse estendido para 10 dias. Todos concordaram.

  • Juntos. O deputado estadual Marcelo Santos (PTB) e o presidente regional do PMDB e deputado federal Lelo Coimbra (PMDB) chegaram juntos no final da tarde de ontem ao TJ.

  • Disputada. O encerramento do 27º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, feito pelo presidente Lula (PT), promete ser concorrido pela classe política do Estado.

  • Relâmpago. Mas a visita do petista será muito rápida. Lula só ficará em território capixaba por três horas. Seu discurso será feito no Centro de Convenções de Vitória.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O pré-sal é nosso!


Os governdores Paulo Hartung (ES), Sérgio Cabral (RJ), ambos do PMDB, e o tucano José Serra (SP) saíram na madrugada desta segunda-feira rindo à toa do Palácio da Alvorada, em Brasília, onde jantaram com o Presidente Lula, com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e com o ministro das Minas e Energias, Edson Lobão (PMDB).

No cardápio da reunião, que durou cinco horas, o marco regulatório do pré-sal, que será lançado logo mais, as 14 horas, também em Brasília. O trio que comanda estados produtores conseguiu três importantes mudanças nos planos do governo federal, que já vinha sendo traçado há um ano e meio.

Lula decidiu ceder e atender às reivindicação dos governadores. De acordo com Lobão (foto), ficou acertado que o projeto de lei com o marco regulatório do pré-sal terá "ligeiras mudanças" em relação aos royalties e manterá o sistema de participações especiais, o que não estava previsto na proposta inicial do governo federal. Com essa decisão, os estados produtores receberão uma fatia maior dos recursos com a exploração do pré-sal. Além disso, os projetos de lei serão enviados ao Congresso Nacional sem pedido de urgência constitucional.

O Rio de Janeiro, o Espírito Santo e São Paulo concentram as maiores reservas de petróleo da camada pré-sal, como mostra o mapa abaixo, e os governadores têm criticado a proposta do governo de partilha dos royalties. Atualmente, 50% dos royalties e participações especiais vão para a União. Os estados produtores ficam com 40% e os municípios com 10%.

Mapa da Petrobras mostra região onde estão
as reservas de petróleo da camada pré-sal

Nem mesmo os governadores esperavam conseguir tantas alterações em poucas horas em um projeto que vem sendo preparado diretamente por Lula, Dilma e pela Petrobras há tempos. No entanto, como o PT passa por problemas em torno da pré-candiatura da ministra, brincar com o PMDB e com a oposição neste momento não seria o ideal.

Mas essas não deverão ser as únicas mudanças que as regras do pré-sal deverão receber. Sem o regime de urgência no Congresso, a proposta do governo ainda vai servir de balcão de negócios no plenário da Câmara e do Senado por vários motivos. Difícil mesmo é saber quando é que essas regras conseguirão sair de lá.


  • Argentina. Do prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga (PR), no Twitter (@neucimarfraga), sobre o jantar do Encontro Econômico Brasil-Alemanha: "O jantar foi para brasileiros e alemães, mas acreditem, no cardápio vinho da Argentina. Palmas para os argentinos!"
  • Copa 2014. O secretário de Estado dos Esportes, Luciano Rezende (PPS), se esforça aproveitando a presença dos alemães no Estado para ver se consegue garantir a pré-temporada da seleção alemã em solo capixaba.
  • Socorro. Mesmo com a crise, os senadores pretendem votar nesta semana a Medida Provisória 462, que garante o repasse de R$ 1 bilhão, neste ano, para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A medida, foi editada para compensar perdas de arrecadação dos municípios decorrentes da crise financeira mundial.
  • Contrabando. Esta será a última MP a receber as chamadas “emendas de contrabando”, que não tem relação com o conteúdo da proposta.
Sugestões, críticas, fotos e informações podem ser enviadas para fernandomendes.fm@gmail.com

domingo, 30 de agosto de 2009

A corrida contra o tempo



A bancada do PTB na Assembleia Legislativa, liderada pelo deputado Marcelo Santos (foto), começa uma corrida contra o tempo, em uma contagem regressiva que termina no próximo mês de outubro, até quando os quatro parlamentares que a integra deverão se filiar a outros partidos.

Marcelo, Luzia Toledo, Rafael Favatto e Eustáquio de Freitas já entraram com um pedido de declaração de justa causa no TRE-ES para saírem da sigla sem o risco de perderem seus mandatos, batendo de frente com as regras da fidelidade partidária.

Mas no caso de outros ex-petebistas, como os deputados Theodorico Ferraço (DEM) e Hércules Silveira (PMDB), aquela Corte não foi tão ágil em fornecer a chave para a janela da infidelidade. E caso os quatro não consigam o aval dos magistrados em tempo, poderão ter muitas dificuldades para atingir suas metas nas eleições de 2010.

Três deles tentarão a reeleição, enquanto Favatto (foto) busca uma cadeira na Câmara dos Deputados. No entanto, todos têm uma briga pública e acirrada com a Executiva do PTB no Estado, que tem no comando a família Belotti.

Os quatro já utilizaram a TV Assembleia por diversas vezes para atacar a cúpula do partido, que por sua vez, ignora a existência dos deputados e segue com suas negociações para o pleito do ano que vem.

Se tiverem de disputar a eleição no PTB, Marcelo, Luzia, Favatto e Freitas terão sérios problemas. Marcelo talvez nem tanto, tendo em vista a ligação direta que tem com o presidente nacional da sigla, o bombástico Roberto Jefferson.

O destino dos petebistas está quase acertado: Luzia (foto) deverá ir para o DEM; Favatto para o PR; Freitas para o PP ou PSB; e Marcelo ainda faz mistério e argumenta que não queria deixar o partido, o que também lhe poupa de alguma insegurança jurídica mais na frente, diante do TRE-ES.


Caso todos eles tenham que disputar as eleições pelo PTB, a presidente estadual Marília Belotti, deverá dar muito trabalho para os quatro, pois deverá seguir ao lado do PSDB, partido que seguirá contrário às pretensões da bancada petebista na Assembleia, que já declarou apoio aos planos do PMDB.


  • Jantar. Os governadores peemedebistas Paulo Hartung (ES) e Sérgio Cabral (RJ), jantam hoje, as 19 horas, com o presidente Lula (PT), em Brasília, para discutirem questões relacionadas à legislação do pré-sal.
  • Cena. Mas o prato que Lula servirá para os dois, que ficaram totalmente de fora do debate, mesmo comandando estados produtores, não passa de um jogo de cena, após os peemedebistas externarem suas insatisfações com o petista. Lula fará o lançamento oficial das regras nesta segunda-feira, ou seja, sem tempo de alterá-las.
  • 2010. O que eles deverão sair anunciando do encontro é que a proposta ainda passará pelo Congresso Nacional e qualquer alteração, poderá ser feito lá. Mas como sempre, lá só passa aquilo que é de intreresse de Lula.
  • Alemanha. E por falar em Lula, esta semana ele chega ao Estado, para encerrar o 27º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em Vitória.
  • Flash. E os pré-candidatos de plantão já se esforçam para conseguirem a melhor foto ao lado do Presidente. A solenidade promete ser concorrida, levando em consideração o grau de antecipação do pleito de 2010.
  • Publicação. Desde sábado que esta coluna também está sendo publicada pelo site Agência Congresso, de Brasília, ao lado de colunistas como Cristovam Buarque e Fernando Gabeira. Aproveito para agradecer a todos que mandaram e-mails com elogios, sugestões e críticas.

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