sexta-feira, 7 de maio de 2010

A fantasia chegou ao fim

hopi-hari-terror A história apresentada pelo governador Paulo Hartung, pelo vice-governador Ricardo Ferraço, ambos do PMDB, e pelo senador Renato Casagrande (PSB) de que os três estavam unidos em prol da candidatura do socialista ao governo não durou nem mesmo uma semana e só trouxe desgastes para os três atores. As cortinas desabaram e os bastidores do grande teatro expôs, de uma só vez, três das principais figuras políticas do Estado.

Ainda que os três tentassem passar a imagem de que eram melhores amigos, esta semana Ferraço retirou sua máscara, disse que não queria mais brincar e acabou mostrando para toda a plateia o papel que estava sendo interpretado por seus colegas.

Hartung chegou a dizer que se licenciaria do cargo para fazer campanha para o vice e que Casagrande era seu candidato. Tudo para inglês ver, na verdade, para o comando do PT , PSB e PMDB ver, segundo algumas lideranças. Em seguida Ferraço mirou no governador e disparou sem dó, rachando o governo drasticamente.

Tanto é que, após a peça pregada pelos três no mercado político, as demais lideranças colocaram os dois pés atrás com relação a eles. Se perguntam se é possível confiar?

MHA_4861 O PT confiou e se deu mal. O PSB, está na dúvida. Ainda que tenha conseguido tirar Ferraço da disputa, o partido prefere seguir a linha que já estava traçada, pois se o governador fez o que fez com o seu vice, o que poderia fazer com o senador?

Outro problema trazido pela declaração de apoio de Hartung a Casagrande é o sentimento de traição que paira na base aliada, o que tem beneficiado a pré-candidatura do deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).

Partidos como PDT e PR, que haviam apostado todas as suas fichas na candidatura de Ferraço, ficaram revoltados com as mudanças e não deverão seguir com Casagrande. Como a disputa agora está polarizada, caminham mais para o lado dos tucanos.

hartung-petroleo Até mesmo Hartung não estaria muito satisfeito com os acordos fechados pelas lideranças nacionais em Brasília, que lhes foram empurrados goela abaixo, trazendo bastante desgaste para sua imagem. Mesmo sendo esse o estilo dele conduzir algumas articulações políticas aqui no Estado, como a de Ferraço.

Enquanto isso, na coxia desse grande teatro, como eu já havia falado aqui, os diversos atores do mercado político seguem batendo cabeça em busca de uma melhor situação que lhes garantam mais espaço nas eleições.

  • Encontro. A Transparência Capixaba Jovem realiza um encontro amanhã, a partir das 10h30, no restaurante Turk Zoo, em frente a FDV, em Vitória, com o objetivo de interagir com aqueles que simpatizam com a ONG.
  • Encontro II. O evento é aberto ao público e gratuito. Não precisa fazer parte da ONG. É uma boa oportunidade para você começar um trabalho de contribuição com a sociedade.
  • 2025. O procurador-geral da Justiça, Fernando Zardini, lança hoje, as 14 horas, o planejamento estratégico do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), conforme adiantei aqui há exatamente um mês.
  • Férias. Durante o mês de maio, estou de férias e pode ser que eu não consiga atualizar o blog todos os dias da semana, mas continuo acompanhando o cenário político e os fatos mais relevantes serão postados aqui. No mais, vocês podem acompanhar pelo meu Twitter.

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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Missa de 7° dia

enterro “Partidos aliados, lideranças, correligionários e solidários ao PMDB convidam parentes e amigos para a missa de 7° dia do sepultamento da pré-candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) ao governo do Estado.” Esse é mais ou menos o anúncio que chegou por e-mail, de um colaborador identificado apenas como Eleitor Atento. Uma semana depois da reviravolta, o fantasma dela continua rondando o mercado político e deixando estragos sombrios.

Hoje faz exatamente uma semana que o governador Paulo Hartung (PMDB) convocou toda a imprensa para anunciar que Ferraço não era mais candidato ao governo e declarar seu apoio a pré-candidatura do senador Renato Casagrande (PSB).

De lá para cá, o cenário é de guerra. Há batalhas por espaços, por alianças, para manter conquistas ameaçadas, enfim, as negociações estão a todo vapor. Seja em reuniões oficiais ou secretas, a ordem é não sair do balcão.

Ricardo Ferraço - filiação PMDB O PMDB, aparentemente, é um dos partidos que mais tem sido assombrado no novo cenário. O partido perdeu dois nomes competitivos para disputar o governo e o Senado e agora ainda encontra dificuldades para se coligar até mesmo proporcionalmente, isso porque tem uma chapa de deputados considerada “pesada”, pois tem muita gente para reeleger.

O PT, que abriu mão de ter candidatura própria em favor de Ferraço, tinha a vaga de vice garantida, mas a frente da chapa governista “oficial”, o PSB já avisou que nesse novo quadro não tem reserva de espaço.

O PSB conversa também com o PDT, que pleiteia a vaga de vice e ainda exige o nome do senador Magno Malta (PR), na segunda cadeira da chapa na disputada pelo Senado. A primeira deverá ficar com Ferraço, caso ele venha mesmo disputar as eleições deste ano.

No entanto, PDT e PR têm se aproximado cada vez mais da chapa tucana do deputado federal Luiz Paulo Vellozo Lucas. As últimas conversas dão conta que as siglas estão apenas aguardando a liberação das Executivas nacionais de seus partidos, pelo fato de estarem no palanque de Dilma Rousseff (PT) e terem que dividir, aqui no Estado, um com José Serra (PSDB).

Vela_Sete_Dias_48e9fdeb2873f Sem muita participação nas negociações de cúpula que terminaram com o terremoto que atingiu o mercado político capixaba, agora as bancadas do PMDB pressionam a Executiva estadual para que consiga uma solução que pelo menos garanta a reeleição dos deputados estaduais e federais. Enquanto isso, tem muita gente acendendo velas para todos os santos.

  • Repúdio. O presidente da comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa e líder do DEM, deputado Atayde Armani, não gostou do programa de governo apresentando pelo PSB na última sexta-feira.
  • Repúdio II. “Eles listaram 10 prioridades para o futuro governo e com tristeza e repúdio, em momento nenhum eu vi colocado a questão da agricultura. Nos últimos anos a agricultura foi quem sustentou esse Estado”, criticou.
  • Mão na massa. Depois de sete dias afastado do Palácio da Fonte Grande e sem despachar por lá, o vice-governador RFTTRicardo Ferraço (PMDB) deu sinais de que deve começar a voltar para sua rotina.
  • Mão na massa II. Hoje pela manhã, em seu Twitter, ele anunciou uma agenda que, até ondem de noite, nem sua assessoria tinha conhecimento.
  • Humor. A parte de um filme sobre Hitler que já serviu de base para inúmeras paródias no YouTube ganhou sua versão capixaba. Ela foi postada no dia em que Hartung declarou apoio a Casagrande, na semana passada, e até hoje pela manhã já contava com cerca de 2.300 exibições.

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terça-feira, 4 de maio de 2010

As trincheiras do Palácio

desfile1 O dia de ontem foi marcado pelo desabafo do vice-governador Ricardo Ferraço e também pela fuga do governador Paulo Hartung, ambos do PMDB. O primeiro acordou, preparou sua artilharia, mirou no segundo e disparou sem dó, enquanto ele corria e tentava se esconder de qualquer forma dos tiros. A guerra está declarada dentro do Palácio Anchieta.

Uma briga de titãs. De um lado, o imperador. Do outro, seu principal súdito, usando as armas que sobraram para sobreviver: os sentimentos. Em um misto de revolta e solidariedade, Ferraço reuniu cerca de 70 militantes do PMDB para disparar contra Hartung. Até processo contra o governador foi cogitado.

desfile4 O vice-governador chegou na reunião acompanhado pelo prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PMDB), e pelo presidente estadual do PMDB e também ex-vice-governador da gestão Hartung, o deputado federal Lelo Coimbra. Há quem diga que os três têm algo em comum, por serem do mesmo partido do governador: Lelo não recebeu apoio na disputa pela prefeitura de Vitória; Zanon também não o teve na conquista de 2008 e; o terceiro vocês já sabem.

Ferraço disse em seu discurso que o mês passado foi um “abril sangrento” e que o “fogo amigo” o corroeu. Essas entre outras declarações foram interpretadas rapidamente como um rompimento público com Hartung, que na última quarta-feira declarou apoio ao senador Renato Casagrande (PSB) na disputa pelo governo. Gesto que seu vice esperava há sete anos.

MHA_4828 Enquanto a reunião do PMDB acontecia, Hartung estava com Casagrande em um almoço da AmCham. Assim que eu cheguei no local, todos já sabiam das declarações de Ferraço via Twitter e rádio. No entanto, nada parecia abalar o apetite dos dois.

Assim que o evento terminou, Hartung saiu rapidamente e não falou com a imprensa. Na porta, o aguardavam, o secretário de Transportes e Obras Públicas, Neivaldo Bragato, e o vice-prefeito de Vitória, Tião Barbosa, que estava na reunião do PMDB.

Seguiram para a posse de José Antônio Pimentel no Tribunal de Contas (TC-ES), onde Hartung saiu escoltado por seguranças e também não reagiu aos disparos de Ferraço. Mais tarde, após a solenidade de recondução ao cargo do procurador-geral da Justiça, Fernando Zardini, o governador saiu pelos fundos do Centro de Convenções de Vitória e silenciou de vez.

O problema é como reagir diante do desmoronamento de quase oito anos de gestão bem avaliada, união de forças políticas e “relações republicanas” com os demais Poderes do Estado? Visto como um articulador com talento para unir forças, Hartung passou a carregar a imagem de destruidor dessa união. Aguçou a ira de algumas lideranças e maio tende a continuar sangrento.

  • Hora certa. Colaboradores mais próximos de Hartung acreditam que seu silêncio não vai durar muito. Pode ser que não chegue até amanhã.
  • Roleta. O jogo virou no mercado político e o PMDB que tinha candidaturas com chances de vitória para governador e senador, agora não tem quase nada. Arrisca não ter nem mesmo candidatura ao Senado.
  • Flagra. Mais um clique do fotógrafo Marcelo Andrade MHA_5845para o blog. Na foto, o deputado federal Carlos Manato (PDT) e o arcebispo de Vitória Dom Luiz Mancilha, no lançamento do Programa de Transparência e Ética na Política (Prete), no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES).

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