terça-feira, 4 de maio de 2010

As trincheiras do Palácio

desfile1 O dia de ontem foi marcado pelo desabafo do vice-governador Ricardo Ferraço e também pela fuga do governador Paulo Hartung, ambos do PMDB. O primeiro acordou, preparou sua artilharia, mirou no segundo e disparou sem dó, enquanto ele corria e tentava se esconder de qualquer forma dos tiros. A guerra está declarada dentro do Palácio Anchieta.

Uma briga de titãs. De um lado, o imperador. Do outro, seu principal súdito, usando as armas que sobraram para sobreviver: os sentimentos. Em um misto de revolta e solidariedade, Ferraço reuniu cerca de 70 militantes do PMDB para disparar contra Hartung. Até processo contra o governador foi cogitado.

desfile4 O vice-governador chegou na reunião acompanhado pelo prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PMDB), e pelo presidente estadual do PMDB e também ex-vice-governador da gestão Hartung, o deputado federal Lelo Coimbra. Há quem diga que os três têm algo em comum, por serem do mesmo partido do governador: Lelo não recebeu apoio na disputa pela prefeitura de Vitória; Zanon também não o teve na conquista de 2008 e; o terceiro vocês já sabem.

Ferraço disse em seu discurso que o mês passado foi um “abril sangrento” e que o “fogo amigo” o corroeu. Essas entre outras declarações foram interpretadas rapidamente como um rompimento público com Hartung, que na última quarta-feira declarou apoio ao senador Renato Casagrande (PSB) na disputa pelo governo. Gesto que seu vice esperava há sete anos.

MHA_4828 Enquanto a reunião do PMDB acontecia, Hartung estava com Casagrande em um almoço da AmCham. Assim que eu cheguei no local, todos já sabiam das declarações de Ferraço via Twitter e rádio. No entanto, nada parecia abalar o apetite dos dois.

Assim que o evento terminou, Hartung saiu rapidamente e não falou com a imprensa. Na porta, o aguardavam, o secretário de Transportes e Obras Públicas, Neivaldo Bragato, e o vice-prefeito de Vitória, Tião Barbosa, que estava na reunião do PMDB.

Seguiram para a posse de José Antônio Pimentel no Tribunal de Contas (TC-ES), onde Hartung saiu escoltado por seguranças e também não reagiu aos disparos de Ferraço. Mais tarde, após a solenidade de recondução ao cargo do procurador-geral da Justiça, Fernando Zardini, o governador saiu pelos fundos do Centro de Convenções de Vitória e silenciou de vez.

O problema é como reagir diante do desmoronamento de quase oito anos de gestão bem avaliada, união de forças políticas e “relações republicanas” com os demais Poderes do Estado? Visto como um articulador com talento para unir forças, Hartung passou a carregar a imagem de destruidor dessa união. Aguçou a ira de algumas lideranças e maio tende a continuar sangrento.

  • Hora certa. Colaboradores mais próximos de Hartung acreditam que seu silêncio não vai durar muito. Pode ser que não chegue até amanhã.
  • Roleta. O jogo virou no mercado político e o PMDB que tinha candidaturas com chances de vitória para governador e senador, agora não tem quase nada. Arrisca não ter nem mesmo candidatura ao Senado.
  • Flagra. Mais um clique do fotógrafo Marcelo Andrade MHA_5845para o blog. Na foto, o deputado federal Carlos Manato (PDT) e o arcebispo de Vitória Dom Luiz Mancilha, no lançamento do Programa de Transparência e Ética na Política (Prete), no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES).

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2 comentários:

  1. Em 2006, PH dizia que as onças estavam magras, mas não estavam mortas. Agora, R Ferraço disse que desistiu para não virar comida de onça.Ha. quem diz que na reunião do PMDB,ontem, tinha na mesa de autoridades, uma das onças magras provocando desconforto para os domadores presentes.

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  2. "Aguçou a ira de algumas lideranças e maio tende a continuar sangrento".

    A ira e a cobiça também.

    Está tudo muito confuso, claro. Mas, por outro lado, por mais estranho que pareça, o silêncio de PH pode ser um sinal de calma. Ele sabe que, no "mercado político", quando chega a "a hora da xêpa" as coisas se acertam.

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