quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Os mensalões e os mesalinhos

Até quando vamos acordar e nos deparar com escândalos políticos no Brasil? A corrupção tem se tornado tão comum nesse meio que parece que as pessoas perderam seu senso de indignação. O Ministério Público e a Justiça, que poderiam ser uma esperança, aparecem cada vez mais envolvidos nos esquemas.

E o pior é que só vemos os grandes esquemas mostrados pela mídia, após alguma ruptura nas quadrilhas que estão no poder, levando um ex-beneficiado a abrir a boca e entregar todo mundo. As mesadas pagas pelos grandes corruptos para manter suas bases só faltam figurar na legislação eleitoral.

O Poder Legislativo então, parece ser o mais frágil. Com suas competências limitadas, é obrigado a viver na dependência do Executivo, mendigando emendas ao orçamento e fingindo que está fiscalizando algo. Tudo não passa de um jogo de trocas e chantagens.

Como já ouvi de muitos parlamentares, não adianta propor o melhor projeto de lei do mundo, pois o que traz votos é obras, ordens de serviços, inaugurações, etc. E para não ficarem de fora dessa vantagem eleitoral e tentarem garantir suas reeleições, muitos fazem qualquer negócio.

Acredito que o maior problema está no interior, onde se tem pouca informação. Como dizem em outros estados, o Espírito Santo é terra sem lei. Infelizmente é o que parece mesmo. Fora da Grande Vitória tem promotor morando em casa paga por prefeitura, empresas funcionando ao lado do gabinete de prefeito dentro de órgão público e muitos, muitos serviços sendo terceirizados, principalmente com dispensa de licitação.

E o pior, quando ligamos para as promotorias ou câmaras de vereadores desses municípios, a dificuldade para conseguir informações é enorme. Lidam com a coisa pública com tanto interesse particular, que confundem o público com o privado. É aí que mora o perigo. Por isso é cada vez mais importante a participação da sociedade civil organizada, pois os poderes constituídos já não nos representam tanto como deveriam. Enquanto isso, vamos convivendo com mensalões revelados e mensalinhos ocultos.

  • PAC I. Há quem diga que qualquer semelhança entre os dois pacotes de investimentos do governo do Estado (cada um de R$ 1 bilhão), comandados pelo vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB), e os PAC's da ministra Dilma Rousseff (PT), é mera coincidência.
  • PAC II. Tem muitas lideranças comentando os pontos em comum nas estratégias do governador Paulo Hartung (PMDB) com as do presidente Lula (PT) para fazerem seus sucessores em 2010.
  • Extra. E por falar em pacotes, Ferraço acaba de anunciar um abono de R$ 1 mil para mais de 80 mil servidores do Estado, incluindo ativos, inativos e pensionistas. Ainda hoje o projeto de lei será enviado para a Assembleia Legislativa. O dinheiro cai na conta no dia 22 deste mês.

Para fazer parte do mailing do blog e recebê-lo em seu e-mail, mande uma mensagem para fernandomendes.fm@gmail.com

Siga-me no Twitter!

3 comentários:

  1. Fernando Mendes , parabens pela materia postada hoje sobre corrupção nas cidades do interior ,no municipio de Castelo acontece isso tudo que vc falou , funcionario da PMC a disposição do MP ,Vereadores comprometidos com o Prefeito , em troca de favores , quase todas as denunncias feitas ao MP em Castelo nos anos de 2005 a 2008 foram arquivadas pelo MP ,licitações combinadas , excessivo numero de cargos comissionados

    ResponderExcluir
  2. Entre mensalões e mensalinhos, ninguém fala nada sobre o anualão concedido pelo governo PH aos 30 deputados estaduais na ordem de 800 mil ou milhão de reais a título de "emendas parlamentares". E cala boca mesmo.

    Em outro país governador e deputados seriam algemados. Em Brasília é a mesma safadeza e ninguém, repito, fala nada.

    A imprensa, né Fernando, acha a coisa mais normal do mundo. Por conta disso, tem deputado achando que é dono da ponte, do trator, da escola e por que não, do voto da gente e até da gente mesmo.

    ResponderExcluir
  3. Boa Amaral. Lembrando que os vereadores de Vitória tentaram aplicar esse golpe querendo um mensalinho de 500 mil - até o honrado Namy Chequer tava nessa panelinha - e a coisa só não foi pra frente porque o Coser quebrou a PMV que não tem dinheiro pra pagar fornecedores, 13* salário e as obras e está pedindo socorro ao Governo.

    Aliás, o Governo tá enfiando mais de 50 milhões em Vitória pra saldar esse rombo do Coser como pagamento da fatura por ter desistido de sua candidatura ao Governo em favor do Ricaço Ferraço.

    ResponderExcluir